segunda-feira, 30 de julho de 2012

Sertão do Ceará, solo fértil da cultura regional

Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri
A Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri é uma entidade filantrópica e cultural com sede em Nova Olinda (Ceará), município com aproximadamente 15 mil habitantes, a 560 km de Fortaleza. Os idealizadores deste projeto são os músicos Alemberg Quindins e Rosiane Limaverde, que deram o pontapé inicial na realização deste sonho após receberem um prêmio em Maringá, no Festival de Música Cidade Canção.

João Paulo Marôpo, membro da diretoria da Fundação, virá ao 1° Fórum Nacional da Produção Cultural em Pequenos e Médios Municípios para participar de duas mesas: Gestão de Instituições e Projetos Culturais, no dia 9, às 14h, e Perspectivas para os museus dos pequenos e médios municípios, no dia 11, às 10h30. Nas duas oportunidades, Marôpo vai compartilhar a experiência deste projeto bem sucedido que vem fazendo diferença em sua região de atuação.

Saiba mais

Criada em 1992 a partir da restauração da primeira casa de Nova Olinda, a Fundação Casa Grande tem como missão formar crianças e jovens nas áreas de memória, comunicação, artes e turismo. Para tanto, são desenvolvidas atividades de complementação escolar por meio dos laboratórios de Conteúdo (gibiteca, DVDteca, discoteca, biblioteca e sala de informática) e Produção (memorial/museu, laboratório de TV, rádio comunitária, editora que produz gibis e jornal e oficinas de teatro), buscando a formação interdisciplinar e a sensibilização do ver, do ouvir, do fazer e do conviver.


Escola de Comunicação da Meninada do Sertão
Para realizar tantas atividades, a fundação criou a Escola de Comunicação da Meninada do Sertão, construída no prédio que abrigou a primeira escola de Nova Olinda.

Após um processo de restauração, na escola, além dos laboratórios de rádio, TV, editora e internet, é mantida a rede de crianças comunicadoras em língua portuguesa, unindo Brasil, Moçambique e Angola, com apoio da UNICEF.


Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas

O Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas tem projeto de Maria Elisa Costa, filha de Lucio Costa, homenageando o conjunto arquitetônico dos engenhos de rapadura da região do Cariri, berço cultural do Ceará. Lá são oferecidos cursos nas áreas de direção de espetáculos, sonoplastia, iluminação, cenário e roadie. Com uma programação aberta ao público, o espaço exibe semanalmente espetáculos nas áreas de música, dança, cineclube e teatro, buscando a formação de plateia e de gestores culturais.



Há ainda a Cooperativa Mista dos Pais e Amigos da Casa Grande (COOPAGRAN), formada pelos pais dos meninos e meninas que integram a Fundação. Os cooperados produzem e comercializam suvenires e artesanatos, mantém lojinha, cantina, bodeguinha,  pousadas domiciliares e serviços de transporte.

A coreógrafa Pina Bausch visita a Casa Grande
A Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri recebeu muitos prêmios, entre eles o Summer of Goodwill New York Time Warner (1996); Prêmio Fellow  Empreendedor Social Ashoka (2002); Prêmio UNICEF Criatividade Patativa do Assaré - Projeto mais criativo e melhor projeto de educação (2002); Prêmio Cláudia - Editora Abril (2002); Comenda da Ordem do Mérito Cultural - Ministério da Cultura (2004); Diploma de Cavaleiro da Ordem do Mérito Cultural (2004); Troféu Cidadão de Responsabilidade Cultural - Secretaria da Cultura do Ceará (2006); Prêmio Orilaxé Direitos Humanos - Grupo Cultural AfroReggae (2008);  Prêmio Valores do Brasil - Educação e Geração de Conhecimento - Banco do Brasil (2008); Prêmio Crianças do Mundo Children´s World etc.

O arquivo de imagens da Fundação tem registros de visitas ilustres como Pina Bausch, Gilberto Gil, Lobão, Arnaldo Antunes, Luciano Huck, Cacá Carvalho, Mariana Ximenes, Guel Arraes, Ivaldo Bertazzo, Zeca Baleiro, Rosy Campos, Luis Carlos Barreto, Jorge Mautner, Belchior, Geraldo Azevedo e Regina Casé, entre outros.

Bate-papo

João Paulo Marôpo, diretor da Fundação Casa Grande.

- Como surgiu a ideia da Fundação Casa Grande?

O projeto surgiu da música, com a intenção de montar um centro de cultura e memória voltado para jovens, mas aí as crianças – tem muita criança em cidade pequena - tomaram conta do projeto logo durante a criação e as atividades foram acontecendo no decorrer do tempo, de acordo com a necessidade.

- Quais obstáculos surgiram e como vocês os enfrentaram/enfrentam?

Um deles, que ainda persiste, é a manutenção (água, energia etc.), mas a gente sempre tem que enxergar acima dos obstáculos, e é isso o que estamos fazendo.

- Neste sentido, com quem vocês podem contar?

Ao longo desses anos tivemos muitos parceiros, como prefeitura, instituições públicas e privadas e pessoas físicas.

- Financeiramente, como a Fundação se mantém em pé hoje em dia?

Temos parcerias com outras instituições, com o poder público municipal e recebemos doações de pessoa física. Também já tivemos recursos do programa Ponto de Cultura, do Ministério da Cultura.

- Na sua opinião, qual é a importância do debate proposto pelo 1º Fórum Nacional da Produção Cultural em Pequenos e Médios Municípios?

Fundamental, pois é um momento de compartilhar conhecimentos e experiências no sentido de encontrar soluções para desenvolver atividades comuns.

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